Uma das muitas formas de se criticar uma mulher é afastá-la, com maior ou menor sutileza, de tudo o que é considerado como “parte” do universo feminino – delicadeza, beleza, suavidade, elegância, candura, flexibilidade. Notem que usei apenas adjetivos “positivos”, mas ninguém desconhece o que eles representam: se é delicado, não consegue brigar; se é suave e cândido, é fácil de manipular; se é flexível, pode ser perigoso; se é belo, pode desviar a atenção de coisas mais “importantes” ou úteis, geralmente ligadas à racionalidade (posto que a beleza seria da ordem da emoção, da sensibilidade, geralmente relegadas ao plano do superficial, ou do supérfluo). São positivos, mas são negativos também. Para ofender uma mulher, costuma-se tirar dela sua “feminilidade”, chamá-la de “menos mulher”, ou de “mulher pior”, roubar dela tudo que a ela deveria se ajustar como “essência feminina”, dizer a ela, enfim, que ela falhou como fêmea. Em outras palavras, chamá-la de macho. O interessante jogo sim...