Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de 2013

Dos sustos.

Foto de Mauro Pinto Querendo escrever. Quando a vida fica muito grande. Ou muito pequena. Precisando escrever. Mas as palavras não saem. Simplesmente engasgam. Tudo é por um fio. De faca ou de norte. Querendo viver. Quando a escrita fica muito ácida. Ou muito estreita. Precisando viver. Mas o fôlego falta. Ou jorra. Tudo é por um rito. De passagem ou de sorte. Querendo sofrer. Quando tudo fica muito distante. Ou muito próximo. Precisando sofrer. Mas a vida sobra e luta. Engasga, vibra, escreve. Tudo é por um caminho. De alegria ou de suporte. Querendo entender. Quando tudo o mais é rarefeito e breve. Quando tudo para. Sem deixar de continuar. Tudo é mesmo por um rio. De saudade ou de morte. Para Bruce Amaro

Uma vez...

Ilustração: Anna Cunha Uma vez, sonhei: uma bicicleta feita de acasos, de terra, de pedaços de coisas, de sinopses. O sonho era cheio de vertigens, de bicicletas, evidentemente, de modos de colher água da chuva, de fazer as pessoas voarem, de cobrir a terra de um modo abrupto, de coisas assim esquisitas e impronunciáveis. Quando acordei, anotei tudo num papel. Depois o perdi. Hoje achei o papel, e não entendi nada. Na lembrança, uma vaga ideia. Uma concreta palavra: bicicletas. Só lembro, de forma absurda e profunda, que havia bicicletas. Aliás, sonho muito com elas. É a única coisa, afinal, que sei dirigir. Mas sonho com carros também. E não sei dirigir carros. Essa coisa do interior e do exterior. Uma bagunça. Alguns objetos podem ser sujeitos. Isso se sabe. Objetujeitos. Algo assim. Mas, no meio da ideia, algo surge, se fragmenta, se isola. Como numa experiência científica ou amorosa. Como num convite pra tomar um chá, ou participar de uma festa. Algo se nu