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Mostrando postagens de julho, 2009
Porque sua amizade é assim tão doce, merece pássaro que a provoque e suspenda, que nela fique suspenso, feito poema, que por ela voe imenso sobre os telhados. Porque sua amizade é assim tão viva, merece vôo que a comemore, leveza que a dignifique, canto que a perdure. [Para Míriam Christus]

A quem interessar possa...

Um amigo me escreveu contando de alguns " problemas literários " que ele julgava importantes... 1) A busca do Livro Absoluto Borgiano (um livro que diria tudo o que todos os outros querem dizer). O mesmo vale para o Voyage d'hiver de Perec. 2) O grande problema de shakespeare de Otelo... a traição ou não.... o mesmo também seria o problema de Machado de Assis, Capitu o traiu ou não? 3) Bataille, Clarice Lispector, Lacan e a busca do 'a'. 4) Freud e o inconsciente? 5) Kakfa e a metamorfose e o processo (o que seria a metamorfose? que culpa teria Josef K)? 6) A busca da Poesia de Drummond e Rilke.... Daí me empolguei a enumerar os meus: O PROBLEMA DO AUTOR – a “escrita”, melhor dizendo, a narrativa, a arte de contar histórias, começa coletiva, depois se “pessoaliza”, se personaliza, torna-se exclusiva de um nome. Mais recentemente, a profunda valorização desses “nomes”, dessas autorias, que foi empreendida ao longo de décadas, começa a ser questionada até sua dissol

Bougainville

Para não esquecer Irene, comprei uma semente. Espero fazê-la crescer em verdes frases. Espasmódicas e espantadas como um soluço. Ardorosas como uma veemência. Meu texto é uma porta para dentro e para trás. Por isso plantei a semente. Para talvez lembrar, mergulhar, dissolver. Meus dedos virgens ensinam, nunca se deve perfurar a terra. Ou o passado. Escrever é uma coisa crua. Talvez dilacerante, talvez cantante, mas sempre uma coisa suja, isso aprendi. A terra tem abismos desconfortáveis. Epigramáticos. Ela é feita de folhas e pedras. De mortos. A memória é feita de mortos. A página é dura e estóica, mas aos poucos me acostumei com sua terrosa ossatura. Como um deus adulto e calmo, concentro-me em mim mesma. Faço torrenciais as águas que, de tão limpas, fazem de verde as plantas. Molho a terra do vaso, onde a sedenta semente espera. Lembro que vivi um dia, úmida de cloro, amor e águas de piscina. Um traço se estabelece na página vívida e branca da narrativa. O risco invade, prenuncia,

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O mar seu som a luz indócil de sua espuma o tom salgado de sua fosca dissolvência perturba intermitentemente desabrigados restos de areia branca