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Mostrando postagens de junho, 2007

Sábado de Aleluia

Uma vez fechado o portão, veio a grande alegria. Estava sozinha. Voltou lentamente para dentro, respirando com delícia, já destacada de si. Viu-se, ao longo dos dias e das noites seguintes, podendo fazer o que bem entendesse. Viu-se estendida no quintal, olhando o céu por horas a fio, não se importando com a comida ou com os deveres de casa. Viu-se afundando as mãos na terra seca, sentindo os cheiros todos do mundo, que crescia e se multiplicava, enquanto contava e recontava cada uma das vibrantes ondas de luz que por ali serpenteavam. Viu-se inteira e solta, livre para ficar quase três horas no banho, sentada no chão do box, deixando a água cair nas costas como uma cachoeira pacífica e determinada, enquanto se ocupava em desenhar com o xampu quadros efêmeros e impressionantes nos azulejos esverdeados. Viu-se lambendo a panela do bolo, que faria com o pote inteiro de Nescau, sem ter que dividir o prazer com irmão nenhum. Aliás, viu-se sem irmão nenhum, enfiada nos quartos deles, brinc