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Mostrando postagens de março, 2011

Pra sempre...

Não lembro bem quando te vi a primeira vez, nem a segunda, mas um dia devo ter te visto de verdade, porque, na minha memória, é como se você sempre estivesse estado lá. No fundo da sala, com os colegas mais barulhentos, pertencendo a uma turma que eu gostaria que fosse minha, mas não era. Eu ficava na frente da sala, colada nos professores, e tinha por turma outras colegas, menos indóceis que você, um pouco mais responsáveis. Mas nem de longe tão lindas. Você tinha lindos olhos escuros, redondos, e uma pele muito branca, toda pintadinha de micro sardas clarinhas, quase da cor da pele mesmo. Ainda tem. Seu nariz era engraçado (ainda é), e eu me lembro que ele me conquistou. Ele ficava ainda mais engraçado quando você ria, e eu me peguei me esforçando muito pra ver você rir. Eu faço isso até hoje, e sei muito bem porque. De algum modo que não me lembro como foi, começamos a participar de um coral, e por causa dele fiquei mais próxima de você. Por causa desse coral, cantamos juntas, andam

Passagem das horas...

Então, esse dia, vulgar e já falecido, que provavelmente desaparecerá no mugir inconstante dos outros todos, a menos que, deus-me-livre, seja o último, ou o anterior a algo imenso ou terrível que sempre pode acontecer amanhã, a menos que, portanto, seja o crepúsculo de uma era, ou o arauto dos novos tempos, esse dia, opaco e tímido, nunca terá existido, nunca terá feito diferença, nunca terá salvado o mundo ou nascido para brilhar. Esse dia, como nós mesmos todos, um dia, nada mais terá sido. Além dele próprio. Por isso, o deixo aqui. De castigo. Cumprindo pena de semi-eternidade.

Falando nisso...

O que eu tenho a dizer é da máxima importância. Mas não sei como dizer, ou como começar. Só tenho uma dúvida, entre muitas, e ela me diz o seguinte: por que, entre tantas vidas ritmadas, minha voz se quer fazer ouvir? Por que só eu, entre outros tantos que dizem e falam, se acha no direito de se fazer mais audível, ou mais temível, ou mesmo mais relevante? O que eu tenho a dizer não tem nenhuma importância. Na verdade, é a importância mesma que se cala quando alguém diz o que é dizível, e o que não é. A importância, com sua gravidade encorpada e luminosa, é atulhada de coisas sem nenhuma ferocidade, sem nenhuma espécie de inutilidade, sem qualquer traço de tímida volúpia. Por isso mesmo se esquiva de importar, e só aos tolos importa, só aos parvos assusta, só aos cegos se impõe. Eu ali vou incluída, evidentemente. Porque sou tola, parva e cega. E só outros que também assim são com isso não concordariam. Sim, o que tenho a dizer não é importante. Mas nesse mesmo instante existe. E por s