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Mostrando postagens de novembro, 2007

Desafio - Fale sobre "si mesmo" como se fosse um outro...

Tenho visto muitos desafios entre blogs. Sendo assim, como nunca fui convidada para desafio nenhum, tal qual a bruxa da Bela Adormecida, resolvi fazer meu próprio e particular desafio, convidando meus blogs prediletos a participar. O desafio em questão, como os que leram o título já viram, é tentar exercitar o que, lá nos estudos literários, chamamos de " despersonalização ". Então. Como falar de si mesmo é bem difícil, e como o blog se relaciona com esse "eu" desconhecido de forma ainda desconhecida e talvez perigosa (Ai, Narciso...), desafio meus colegas blogueiros (listados abaixo) a falar, não de si, mas de seus próprios blogs, como se outros fossem, como se tivessem encontrado o próprio blog por aí e quisessem falar (mal ou bem) dele para os seus digníssimos leitores. Os objetivos desse desafio ainda não estão totalmente claros pra mim, mas creio que eles passam pelo nobre desejo de auto-conhecimento e aguda reflexão sobre os limites da auto-crítica (ainda mai

Listas e mais listas... Parte 3

Agora que vocês já estão tão viciados quanto eu (a não ser aqueles que leram de trás pra frente, mas isso não importa muito), vamos à lista final dessa trilogia (melhor número pra se fazer uma série, até Deus concorda...): 5 Passos para Fazer uma Lista Bem Sucedida! Comece a sua lista pelo primeiro item. Verifique como (não) se acentua item no dicionário, para não fazer feio diante dos amigos. Tome duas cervejas, dois cafés e fume dois cigarros. Mais do que isso pode te levar a deixar a lista de lado (o que é imperdoável). Menos do que isso pode deixar a sua lista muito careta (o que, além de imperdoável, pode provocar tédio, e para o tédio não há guarda-chuva (leia de novo o poema de joão ...). Escolha um número entre 01 e 2477 e o anote em algum lugar, para não esquecer. Nunca confie em listas de regras, elas são o lado negro da força no mundo maravilhoso das listas.

Listas e mais listas... Parte 2

Outra lista possível é a Lista de Por Que as Pessoas Gostam Tanto de Listas Listas parecem organizar o mundo, o que sempre é motivo de alegria. Listas são fáceis de ler e gostosas de lembrar. Coisas numeradas são mais atraentes. Chegar ao fim de uma lista traz uma benfazeja sensação de trabalho concluído. Listas aproximam pessoas, já que o fato de concordar (ou não) com a escolha, a classificação e a disposição dos itens é indiscutivelmente um sinal de que essas pessoas são almas gêmeas. Listas são simpáticas. Listas são verdadeiras, limpas e saborosas. Listas não têm entrelinhas. O exercício de fazer listas e o de ler listas ajudam a espantar a preguiça e a cultivar a boa vizinhança (sempre é divertido mostrar e comentar listas com os outros). Listas são absolutamente viciantes. Até Deus gosta de listas.

Listas e mais listas... Parte 1

Ilustração da Martina , minha ilustradora predileta. Descobri (nesse sutil universo que é o mundo dos blogs) que as pessoas gostam muito de listas. Descobri que preciso fazer listas também, se quiser deixar as pessoas felizes (uma das razões pelas quais escrevo - o que, aliás, também pede uma lista, quem sabe infinita, quem sabe indecifrável). No entanto, como não sabia bem por onde começar, resolvi fazer uma Lista das Listas que Eu Gostaria de Fazer (uma para cada aninho de vida, já que a semana é de comemorações e já que antes de se fazer uma lista é bom determinar um número finito de itens, sob pena de ficar o resto da vida acrescentando coisas à lista e sua interminabilidade intrínseca...). Então, vamos a ela.... Com vocês, a Lista das Listas que Eu Gostaria de Fazer. Lista de animais cuja dimensão os deixa mais feios. Lista de plantas que ficam mais suaves pela manhã. Lista de palavras que saíram de moda, mas eu continuo usando. Lista de lugares onde eu já perdi um guarda-chuva (o

2 de novembro

Naquela primavera insidiosa e exuberante, onde as flores explodiam pelo calor enervado e vagamente úmido da tarde, ávida de chuva e raios, naquela primavera de febre e sono, onde a luz do sol nas janelas esmorecia de torpor os móveis todos da casa, em um daqueles dias sedentos e amolecidos, onde tudo flutuava devagar ao redor de sua pele delicada de moça, naquela tarde, enfim, paradamente vibrante, ela finalmente cedeu. O sexo foi lento e suado, como pedia o escaldante do dia, e durou muito pouco, dado o esgotamento dos ânimos, mas ficou-lhe gravado para sempre na memória. Não porque tivesse sido o primeiro. Não pelo seu insuflado e latejante cenário. Não porque o moço, funcionário recém-contratado dos correios, tivera a idéia de buscar gelos na cozinha e refrescá-la com suavidade de apaixonado. Não por tudo isso. Mas porque era dia dos mortos. E nesse dia não se faz essas coisas.

Outro Ulisses e Outro Polifemo

Não. Não era esse o plano. No entanto, àquela altura, já não havia mais nada a fazer. A não ser esperar. O pai viria, era certo. Uma hora ou outra. Era melhor esperar. Claro que a posição não ajudava em nada. Era duro ficar de cócoras, agachado por detrás daquele empilhado de tijolos, defendendo um lugar de apoiar com a força do corpo. A visão que tinha da casa, aliás, também era péssima. Tinha que ficar todo atento aos barulhos, para não estragar tudo de vez. Mas o pior, o pior mesmo, era manter o equilíbrio. Sentia que aquela pobreza muscular, aquela fadiga toda concentrada, estavam armadas contra a vontade dele. E tinha raiva. Muita raiva mesmo. Contra os panos duros da calça, contra o embotamento vagaroso das pernas – obrigadas a ficar naquela posição de merda - contra o tempo-todo da espera, contra o frio, contra sua própria idéia de resolver ficar ali. Contra tudo. Ia já começando a ter preguiça, a desistir, a amolecer a vingança sob as águas do sensato, do suor razoável. Tudo e