Pular para o conteúdo principal

Um sopro

Na macia noite,
procuro um poema,
para dizer o inaudível,
Ou o ainda não dito.

Mas os poemas fogem,
ou não existem,
talvez nem mesmo caibam,
ou persigam,
pontos de fuga, sistemas,
calafrios.

Então me debruço inconteste,
naquilo que consigo fazer,
contaminar, exercer, dominar:
dizer ao poema,
que diga,

que voe, que vague, que explore,
que vá
até ela,
e advogue,
em favor de mim, ou do que seja;

e do que em mim fala,
como um navio,
como um espanto,
como um respaldo,

de tudo que em mim é deriva,
e desejo,
e desastre,

que ele diga tudo.
E que eu enfim me cale.

Comentários

lucia lou disse…
q.lindo!!!!!!!!!!!!
bjinho
lu.
Anônimo disse…
É lindo d+ rebecca!
Anônimo disse…
Adoro este idioma, estou pensando en fazer outros cursos pra seguir aprendiendo :)
Gosto muito de poder mantener contacto com uma pessoa com a que se pode falar em portugués :)
sou natu
un beijinho
Unknown disse…
Loulou, Érika, obrigada! Lindas são vocês!

E Natu,
Vc pode treinar o português comigo, se quiser... manda um e-mail (rebeccapontopedrosoarrobagmailpontocom), assim podemos falar mais. posso te dar umas dicas também de livros bacanas. Beijo grande!
Ale Peixoto disse…
Todo mundo devia ter um poema desse, que fale, pra gente não precisar falar algumas coisas que simplesmente não se diz.
Elisa disse…
você é linda, rebecca.

Postagens mais visitadas deste blog

Fazendo o balanço...

Em 2007, eu... Fiz novos amigos. Fiz o que pude pra guardar um tempinho para os velhos amigos, tão queridos... mas nem sempre consegui. Trabalhei bastante, mas sonhei ainda mais... Talvez demais. Tive pesadelos, mas acordei com alguém do meu lado... Senti muita falta da minha mãe. E mais ainda do meu pai. Falei a verdade. E me arrependi. Às vezes menti... Redescobri a Edith Piaf... e aprendi mais sobre arrependimentos. Tive muito medo, mas me socorreram a tempo... Saí da natação (mas pretendo voltar, juro!)... E engordei um pouco (eufemismos sempre são úteis). Vi dezenas (ou seriam centenas?) de filmes ótimos... E outros nem tanto... Vi duas peças magníficas! Rubros ... e Atrás dos Olhos das Meninas Sérias (se elas aparecerem em cartaz, corram pra lá!). Perdi a paciência... inúmeras vezes... Chorei de desespero... Mas me acalmei depois. Chorei de alegria - algumas vezes. Descobri o maravilhoso mundo encantado dos blogs... Descobri que toda vez que eu descubro algo novo, eu fico deslu

...

"Por esses longes todos eu passei, com pessoa minha no meu lado, a gente se querendo bem. O senhor sabe? Já tenteou sofrido o ar que é saudade? Diz-se que tem saudade de idéia e saudade de coração... Ah." Guimarães Rosa (GSV)

À maneira de Ulrica

Para Silk... Sobre ela, pouco se podia dizer. Dizia-se de sua pele comovente, expansiva em forças. Explosiva ternura. Dizia-se de sua beleza. De seus girassóis. Leveza vibrátil e ardente, tocada pelo fogo, marcada por seu inexaurível mistério. Dizia-se de sua febril intensidade. Seus olhos. Ardorosa meditação sobre a alegria. Dizia-se de sua vibração aquática, humores e fluidos em infatigável doçura. Dizia-se de sua proximidade com os ventos. De sua liberdade cantante de moça do ar. Dizia-se de sua densidade terrestre. Da disposição para o encanto. Das exigências do corpo. Das pernas. Falava-se, sempre e sempre, acerca da conformação sutil de seus quatro elementos. Caleidoscópicos. Sutis neblinares de tímida e rutilante orquestração. Dizia-se que era criança e mulher. E que podia ser encantadoramente nossa em certas noites de lua cheia. Ou quando do encontro de certos tipos de amuletos. E de suspensórios. E mais não se podia dizer. Porque seria sempre muito pouco. Para saber mais sobr