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Fragmento seco

Mas chega de descrevê-la. Ela apenas era. E os principais verbos dessa fábula se parecem com andar.
Arranhava na estrada seus calcanhares de pedra. Seus pés rugiam na poeira vaga e vermelha daqueles caminhos nordestes.
Ela fazia sua dimensão. Ela era toda ausente.
Ela era uma mulher com uma lata.
A lata brilhava ao sol.
A mulher não.

Comentários

Anônimo disse…
Nossa! Que coisa enigmática!

Clau
Aviva disse…
que fragmento, hein! delícia!!
Unknown disse…
Vc achou, Clau? Engraçado...

Glauce e Lubi, obrigada!
Anônimo disse…
Dá pra sentir a solidão dessa mulher, a "mulher-de-lata", que não é a personagem do Mágico de Oz :-) Beijos, minha amiga genial! Continue arrasando!
Unknown disse…
Brigada, denise!

Beijos de sua amiguinha, que não é de lata, nem genial, mas sem dúvida é de Oz...

;)

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