Os noivos são muito jovens, e tão transparentes! Querem um futuro longo e plácido, sem altos e baixos, sem discrepâncias. Por isso juram fidelidade. Um ao outro. Ambos ao mundo que aprenderam a reconhecer e a amar. Ambos ao Deus que compartilham, à igreja que os casará em brancos, à família que querem ver crescer e multiplicar.
Os noivos são docemente devotados. São sóbrios, limpos, promissores. Não vêem ainda o controle exigido pela sobriedade. O desperdício oculto na limpeza. A dívida atrás da promessa.
Não conhecem a morbidez, a violência ou o medo dos aflitos. Não se afligem, não temem, não se desesperam. São castos e delicados, quase de vidro. Sua esperança, afinada e desmedida, ainda não foi seduzida pelo cinismo vulgar dos amadurecidos. São jovens, são belos e se amam. E isso é tudo.
Os noivos andam de mãos dadas pela rua, tomam sorvete, escutam música, olham as vitrines, as árvores, o céu e os detalhes, nunca antes vistos por ninguém, em cada um daqueles prédios hoje arruinados pelo tempo e pelo asfalto. Os noivos encostam-se pelas esquinas, tremem de felicidade e de ardor, trocam beijos e carícias variadas, ainda não tentadas, ainda desconhecidas do corpo e dos olhos e dos ouvidos e dos dedos todos. Os noivos se lambem e lambem o mundo, por eles mesmos transformado em suavidade e leveza. O mundo se revela plástico, moldável, suscetível. Cada vez mais claro, mais vivo, mais ávido. Os noivos se lambem e ardem de prazer e glória de viver, desobrigados de si mesmos, de seu passado, de seu futuro interminável. Os noivos se amam, e isso é tudo.
A esquina cada vez mais escura esconde um amor que nunca começou nem vai acabar, de tão imenso, um amor único e eterno, inesgotável, implacável, maravilhoso. Um amor sem freios e sem medida, sem pecados. Irreprimível urgente amor. Transbordante.
A esquina cada vez mais escura também esconde, Ó Deuses, a descoberta do mundo. Os fluidos todos acesos, as mãos frouxas e fáceis, o fremente êxtase felino. O corpo convergindo, vibrátil e desperto, cada vez mais nítido. O corpo, esse desconhecido. Seus túneis e cachoeiras, suas avenidas e penhascos, seus viadutos e correntezas. O corpo vivo.
Os noivos são docemente devotados. São sóbrios, limpos, promissores. Não vêem ainda o controle exigido pela sobriedade. O desperdício oculto na limpeza. A dívida atrás da promessa.
Não conhecem a morbidez, a violência ou o medo dos aflitos. Não se afligem, não temem, não se desesperam. São castos e delicados, quase de vidro. Sua esperança, afinada e desmedida, ainda não foi seduzida pelo cinismo vulgar dos amadurecidos. São jovens, são belos e se amam. E isso é tudo.
Os noivos andam de mãos dadas pela rua, tomam sorvete, escutam música, olham as vitrines, as árvores, o céu e os detalhes, nunca antes vistos por ninguém, em cada um daqueles prédios hoje arruinados pelo tempo e pelo asfalto. Os noivos encostam-se pelas esquinas, tremem de felicidade e de ardor, trocam beijos e carícias variadas, ainda não tentadas, ainda desconhecidas do corpo e dos olhos e dos ouvidos e dos dedos todos. Os noivos se lambem e lambem o mundo, por eles mesmos transformado em suavidade e leveza. O mundo se revela plástico, moldável, suscetível. Cada vez mais claro, mais vivo, mais ávido. Os noivos se lambem e ardem de prazer e glória de viver, desobrigados de si mesmos, de seu passado, de seu futuro interminável. Os noivos se amam, e isso é tudo.
A esquina cada vez mais escura esconde um amor que nunca começou nem vai acabar, de tão imenso, um amor único e eterno, inesgotável, implacável, maravilhoso. Um amor sem freios e sem medida, sem pecados. Irreprimível urgente amor. Transbordante.
A esquina cada vez mais escura também esconde, Ó Deuses, a descoberta do mundo. Os fluidos todos acesos, as mãos frouxas e fáceis, o fremente êxtase felino. O corpo convergindo, vibrátil e desperto, cada vez mais nítido. O corpo, esse desconhecido. Seus túneis e cachoeiras, suas avenidas e penhascos, seus viadutos e correntezas. O corpo vivo.
E depois?
Depois, a esquina acendida, o retorno para a cidade dos homens. E o começo da culpa.
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