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Arquiteturas...

A casa da escrita é desenhada aos poucos. Em febre e vício. Em cada traço, segue-se o rastro de algo que se despossuiu, que foi se desmanchando de si, para atingir algo que não era ele mesmo, mas acabou sendo. Em cada linha, em cada ênfase, em cada perspectiva, dorme uma espera que não se conclui, que não pode acabar.
A casa da escrita é a minha casa, feita de um quase papel, de uma quase miséria: a de não poder alcançar.
A casa da escrita é feita de olhares alheios, de algumas derrotas, de doces traições. De íntimas alegrias se faz, de pequenas coisas, de brevíssimas notas.

Dizem que ela cresce e se movimenta no espaço, mas é no tempo do instante que ela fulgura sua pálida suavidade, sua impressionante estatura. Fugaz e tímida, ela nem sempre se mostra.
Mas entre um susto e outro, ela acontece.

Comentários

Susana disse…
torço para que a casa da escrita aconteça sempre, rebs, aqui neste blog. assim uma amiga também se assusta e sorri. assim também fica mais perto. que bom compartilhar com você esse desenho.
um beijo enorme!

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