O que eu tenho a dizer é da máxima importância. Mas não sei como dizer, ou como começar. Só tenho uma dúvida, entre muitas, e ela me diz o seguinte: por que, entre tantas vidas ritmadas, minha voz se quer fazer ouvir? Por que só eu, entre outros tantos que dizem e falam, se acha no direito de se fazer mais audível, ou mais temível, ou mesmo mais relevante?
O que eu tenho a dizer não tem nenhuma importância. Na verdade, é a importância mesma que se cala quando alguém diz o que é dizível, e o que não é. A importância, com sua gravidade encorpada e luminosa, é atulhada de coisas sem nenhuma ferocidade, sem nenhuma espécie de inutilidade, sem qualquer traço de tímida volúpia. Por isso mesmo se esquiva de importar, e só aos tolos importa, só aos parvos assusta, só aos cegos se impõe. Eu ali vou incluída, evidentemente. Porque sou tola, parva e cega. E só outros que também assim são com isso não concordariam.
Sim, o que tenho a dizer não é importante. Mas nesse mesmo instante existe. E por si só se faz grave. Que me sigam os que, tão cegos quanto eu, entendem essa única importância. A que se faz agora. Nesse instante que já logo mais não voltará. E que é tão desimportante e ritmado quanto muitos. Mas está vivo.
Enquanto outros não estarão.
Comentários
E Su, ter você aqui comigo é meu modo de alegria!
Volte sempre, viu?!