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Coragem grande...



Para Elisa

É poder achar brilhando nas coisas o que nelas é secreta vertigem. Tão secreta que às vezes rudemente se mostra. Escancarada e quase triste. Como várias vezes a verdade. É andar com os olhos um pouco além dos espelhos, para além de classe ou muro, para o lado expulso da cena. Ou da festa.
É pulsar à beira das coisas, no avesso coreográfico de cada dia, buscando o inalcançável sim. E o resistente não. É dizer sim ao não e não ao sim. Se necessário for.
É recusar o projeto coletivo de manter os olhos fechados. E abri-los.
E abri-los de novo. Os olhos. E ainda mais.
E ficar boquiaberto, porque, afinal...
O mundo estava lá o tempo todo.
E vivo.

Comentários

Elisa disse…
nó, rebecca :))
fiquei emocionada

muito obrigada,
muitos beijos,
Unknown disse…
Muitos beijos de volta!

; )
Anônimo disse…
amei!

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