"... Ele é o empregado discreto Ela engoma o seu colarinho Vão viver sob o mesmo teto Até explodir o ninho..." [O casamento dos pequenos burgueses - Chico Buarque - 1977/78] Todos os dias, às 10 e 45, de flanela em punho, ela coordenava os últimos retoques da empreitada matinal de todos os dias: a meticulosa e vasta arrumação da casa. Depois de limpos todos os quartos e arrumados todos os banheiros, depois de devidamente alimentadas de água e adubo todas as plantas, depois de afofados os travesseiros e guardados todos os objetos que haviam saído de seus lugares, depois de trocadas as toalhas e depois de eliminados os traços de lixo de todas as lixeiras, depois de capturadas as roupas já secas no varal (coisa que ela acabara de fazer), depois de tudo isso, então, às 11 e 55, com o cesto de roupas em uma das mãos, ela atravessava o quintal imenso. Saía de trás dos lençóis coloridos estendidos no varal como de trás das cortinas de um grande teatro. Suspirava, com uma das mãos s...