Pessoas passavam por mim com suas bundas bolsas bocas encomendas pastéis embrulhos artífícios nuances. A cidade passava por mim com suas bancas bolhas bancos bicicletas árvores borboletas linhas de tráfego sinais de trânsito placas de pare e pense e conversas pela metade. Tudo era igualmente diferente na mesma rua (quase) mesma hora mesmo trânsito mesmos ônibus de idênticas cores e números e trajetórias. Pombos passavam por mim e árvores e pedaços de sombrinhas e malas e até carrinhos de bebês e canteiros. Tudo ia e voltava e vingava e sofria e partia e repetia e rebolava e suspirava e voava e se voltava para si mesmo como se nada fizesse sentido. Ou era eu que estava triste pra caralho? E o cego com sua bengala também ia passando passando passando, se não tivesse, de leve, trombado, e hesitado um pouco, na caixa de correios que amarelava a calçada. E o cego, com sua bengala, também ia sendo rapidamente esquecido, se não tivesse, de leve, levantado seus olhos para o céu. E os o...