Ando por esses dias como há muito tempo não andava. Estou “inquieta, áspera e desesperançada”, como dizia Clarice. “Embora amor dentro de mim eu tenha”. Choro pelos cantos, tento ler coisas leves, mas a noite vem, como um dia veio, e parece que não consegue sair. Choro por um país, por coisas que ainda não aconteceram, mas certamente acontecerão. Choro por sombras bizarras que se instalaram nos espaços de poder e de lá só sairão se as pessoas acordarem. Mas ninguém parece disposto a isso. Todos dormem, embalados por delírios tragicômicos de personagens que, horror nosso, são infelizmente reais. Reais demais. O mundo está real demais. Ou, pelo menos, real demais pra mim. A carga é a mesma de sempre, eu sei: sobra estupidez, ignorância e violência. Só que agora tudo isso não vem embalado na velha roupagem de sempre, de falsa tolerância, mentiras suportáveis e uma certa hipocrisia. Não há mais máscaras, não há mais camadas vagamente civilizadas de retórica ou de auto-controle.
Quando encontramos uma pessoal “mal educada” por aí, normalmente pensamos na falta de educação familiar (também conhecida popularmente como “pai e mãe”). Também é comum, quando conhecemos a família da pessoa em questão (e reconhecemos que a falta não vem dali), que pensemos na educação escolar propriamente dita, e nas possíveis lacunas que essa (má) educação possa ter infligido ao indivíduo mal educado em questão. Às vezes pensamos nas duas coisas, mas raramente pensamos em um “terceiro” fator, que é, do tripé educacional, o mais complexo: o fator cultural. Todos nós conhecemos, afinal, pessoas muito (ou bastante) letradas, educadas em escolas reconhecidas, ou de referência, com famílias também educadas e pais igualmente bem “formados”, que são, sabe lá Deus por que, verdadeiros colossos de ignorância, falta de sensibilidade para com o próximo e civilidade tacanha, se não inexistente. Também não é difícil encontrar o contrário, pessoas que, mesmo sem ter recebido da es