Sentada à beira do sol, como a beira de um riacho, a menina mergulha as pernas na poça escaldante de luz. O resto do corpo esfria na sombra, refrescado em repouso de paz.
Do lado de fora, a cidade passa por ela, em lenta progressão anti-cinematográfica. Paquidérmica e grave, escorre em sua modorra de verão. Do lado de dentro, a casa descansa refrigerada. Telhas de barro e louça enxuta.
Quem vê, pensa que está tudo parado. Mas não está.
Na porta, o polígono luminoso avança pelas pernas da menina, subindo aos poucos em seu erotismo delicado. Os pés já fervem sobre o cimento, joelhos e coxas vão mergulhando devagar na piscina de calor.
A essa implacável arremetida da natureza, ela se expande. Cada vez mais lânguida. O corpo amolecido de amor. A febre cada vez mais urgente, ávida, úmida.
Entregue.
Por fim, já quase exangue, a pele iluminada tem sede - e insiste em fazer sofrer a menina. O suor aumenta seu trabalho, refresca os dedos, o pescoço, a fronte. Os olhos.
É tarde, é tarde, é tarde. Um resto de pensamento se aproveita. A menina reage sôfrega, estica o corpo, sacode os cabelos, o excesso de ardor.
E desaparece na neblina sonora do almoço.
É hora de continuar.
Comentários
Muitos beijos pra você, espero estar por lá em Janeiro :)
Gostoso demais de ler...
bjo rebeca(s)
clau
E se vier mesmo em janeiro, faça contato!
Su, obrigada! Saudades de você...
Escalando sonhos impossíveis, vamos promover esse encontro sim. Com certeza! E boa sorte com o Almas... vou mais lá agora, que estou de férias e com a alma renovada para a poesia.
Estúdio 11, obrigada pela força! Vou dar um pulinho no seu blog tb. Com certeza.
E Clau, bonito foi isso que vc disse... ; )