Pular para o conteúdo principal

De repente

De repente, era a alegria que voltava,
De mansinho, de tardinha, como um sopro de vento depois de escaldante calor, como beijo de amigo depois de briga, como sorvete depois do trabalho, como saúde voltando, vida, expectativa, densidade, começo de noite na praia, banho de cachoeira, patinação no gelo, bicicleta na descida, jabuticaba no pé, passarinho voando bem alto, no esplêndido violáceo do céu, de repente era assim, como livro bom e rede, como parede caiadinha de branco, móveis antigos de madeira, música de chico, casa de oscar, pandeiro e violão, calças listradas, vestidos azuis, boinas de lã, suspensórios, candelabros, cinema, praça, algodão doce, vitrola, janela com paisagem, céu de brigadeiro, vertigens,
era assim, de repente, como tudo o que é mais gostoso e suave,
como um beijo roubado,
como algo que se declara, que de repente se diz,
suspense solto no espaço
da luminosa alegria.

Comentários

Anônimo disse…
Isso garota!!!!!!!!!!!!!
Que delícia essa alegria!!!
Também tenho um texto sobre quando a alegria pousou novamente no meu ombro, após ter voado distante por mais de dois anos...
Melhor que estar alegre, é SER ALEGRE DENOVO! É despertar essa alegria que jazia em algum canto escuro, onde nós mesmas a largamos e depois esquecemos de resgatar...
Que bom, Rebecca!
Unknown disse…
Ex-pesadelo, esse eu fiz também pra vc, que me ajudou mais do que imagina...

e esse texto que vc falou? manda pra mim...

bjo!!! E muito obrigada pelo carinho!
Anônimo disse…
É realmente incrível como o belo comove a gente, doi na gente, corrói a gente, eleva a gente...
Bjs, continue linda com sua produções tão lindas quanto!
Unknown disse…
SwS,

Vc é muito chic!
E lindo é vc, viu?

Bjim!

Postagens mais visitadas deste blog

Da educação

Quando encontramos uma pessoal “mal educada” por aí, normalmente pensamos na falta de educação familiar (também conhecida popularmente como “pai e mãe”). Também é comum, quando conhecemos a família da pessoa em questão (e reconhecemos que a falta não vem dali), que pensemos na educação escolar propriamente dita, e nas possíveis lacunas que essa (má) educação possa ter infligido ao indivíduo mal educado em questão. Às vezes pensamos nas duas coisas, mas raramente pensamos em um “terceiro” fator, que é, do tripé educacional, o mais complexo: o fator cultural. Todos nós conhecemos, afinal, pessoas muito (ou bastante) letradas, educadas em escolas reconhecidas, ou de referência, com famílias também educadas e pais igualmente bem “formados”, que são, sabe lá Deus por que, verdadeiros colossos de ignorância, falta de sensibilidade para com o próximo e civilidade tacanha, se não inexistente. Também não é difícil encontrar o contrário, pessoas que, mesmo sem ter recebido da es...

É isso aí...

O amor é feito de quedas e sustos, de espanto e de silêncios, de trajetórias estranhas e fomes diversas. O amor é feito de cobre. Dura muito, mas muda de cor com o tempo. O amor é feito de pedras aladas, de tristezas ocultas, de sílabas desconexas. O amor é feito de escolhas. Mas algumas dessas escolhas são fatais. Ou fatídicas. O amor às vezes não existe. É feito rio correndo: tem suavidade e orgulho, mas carrega areia e dejetos. O amor também é feito de vento e de geografias. De lutas e reentrâncias. O amor é feito de sede. E de febres.

Não verás país nenhum

Ando por esses dias como há muito tempo não andava. Estou “inquieta, áspera e desesperançada”, como dizia Clarice. “Embora amor dentro de mim eu tenha”. Choro pelos cantos, tento ler coisas leves, mas a noite vem, como um dia veio, e parece que não consegue sair. Choro por um país, por coisas que ainda não aconteceram, mas certamente acontecerão. Choro por sombras bizarras que se instalaram nos espaços de poder e de lá só sairão se as pessoas acordarem. Mas ninguém parece disposto a isso. Todos dormem, embalados por delírios tragicômicos de personagens que, horror nosso, são infelizmente reais. Reais demais. O mundo está real demais. Ou, pelo menos, real demais pra mim. A carga é a mesma de sempre, eu sei: sobra estupidez, ignorância e violência. Só que agora tudo isso não vem embalado na velha roupagem de sempre, de falsa tolerância, mentiras suportáveis e uma certa hipocrisia. Não há mais máscaras, não há mais camadas vagamente civilizadas de retórica ou de auto-controle. ...