Trago em mim, insone e emocionada, uma criança esquiva. Ela averigua meus cantos flácidos, torna habitáveis meus temores profusos. Ela tece em mim suas noites aflitas, faz de mim sua morada de medos. Eu, muito em mim, às vezes a rejeito em ódios e gritos. E nesse mesmo momento a acolho. Deixo-a fazer de mim o que quer e sempre consegue. Eu a persigo em vísceras, em espasmos, em cólicas.
Ela foge do meu carinho mais ginecológico, mais primal. Ela me assusta, me infla, me geme. Ela é minha língua que se move em erros. É meu passado que se move em língua, é minha matéria que se move em vícios, meus vícios que se movem em páginas. Desordenadas páginas de pano e vidro.
Ela é a soma de minhas partes e cada parte de minhas incompletudes. Ela abotoa minha roupa pra meu eu maior sair. Ela geme quando não quer ir e impede-me de falar. Ela amedronta e ameaça. Absurda, me comove e plange. Ela em mim entra e sai quando bem quer. Ela é que me existe, me exibe, me idolatra. Me contamina.
Às vezes quero matá-la por meus próprios meios, para fazê-la ressonar como um anjo quieto. Quero tê-la por perto, controlada metáfora. Quero partí-la em pedaços, em memórias, em teoremas. Mas ela nunca se vai. Nem fica. Está sempre partindo e é um começo. Ela é minha esfera familiar, meu pensamento abrupto. Meu intervalo. Talvez um sufixo apócrifo. Ou um silêncio vagamente pessoal.
Ela é aos trancos. Como quem nunca dorme. Como quem observa, de dentro, uma inviolável bolha de plástico.
Ela foge do meu carinho mais ginecológico, mais primal. Ela me assusta, me infla, me geme. Ela é minha língua que se move em erros. É meu passado que se move em língua, é minha matéria que se move em vícios, meus vícios que se movem em páginas. Desordenadas páginas de pano e vidro.
Ela é a soma de minhas partes e cada parte de minhas incompletudes. Ela abotoa minha roupa pra meu eu maior sair. Ela geme quando não quer ir e impede-me de falar. Ela amedronta e ameaça. Absurda, me comove e plange. Ela em mim entra e sai quando bem quer. Ela é que me existe, me exibe, me idolatra. Me contamina.
Às vezes quero matá-la por meus próprios meios, para fazê-la ressonar como um anjo quieto. Quero tê-la por perto, controlada metáfora. Quero partí-la em pedaços, em memórias, em teoremas. Mas ela nunca se vai. Nem fica. Está sempre partindo e é um começo. Ela é minha esfera familiar, meu pensamento abrupto. Meu intervalo. Talvez um sufixo apócrifo. Ou um silêncio vagamente pessoal.
Ela é aos trancos. Como quem nunca dorme. Como quem observa, de dentro, uma inviolável bolha de plástico.
Comentários
Parabéns
Que bom que gostou do nosso espaço lá... Eu só escrevo às segundas e, mesmo assim, só quando meu amigo escreve às sextas (temos essa regra).
Adorei o que li por aqui e vou te linkar lá no Profiteroles, ok?
Abraços